domingo, 27 de outubro de 2013

Paris: Louvre, Galerie Vivienne, Ópera e Madeleine

20/09/2013

Segunda Visita ao Louvre e o Contraste Entre as Estreitas Passagens e os Grandes Bulevares

Acordamos às 9h, tomamos o café da manhã no hotel e pegamos o metro para o Louvre, para continuarmos a nossa visita.

Como vocês já devem saber, o Louvre é enorme, gigante, imenso, monumental! :-)
É impossível conhecê-lo todo em uma única visita (ou em duas, ou em três). O Louvre possui 8 seções, 35.000 obras, 60.600 m2!!!

Nós sabíamos disso, e já havíamos feito o nosso planejamento, priorizando só o que considerávamos fundamental conhecer em uma primeira visita. Mesmo assim não deu tempo, então voltamos para completar a visita.

Decidimos fazer a visita sem pressa, aproveitando o máximo possível da beleza do lugar. Os prédios são lindos, e contam com pátios internos agradáveis e, claro, repletos de obras de arte. Reparem no detalhe do grupo escolar no canto inferior esquerdo da foto. Deve ser fantástico morar em Paris, e conferir pessoalmente as marcas da história que estão estudando na escola.


Visitamos a seção da Mesopotâmia, no departamento de antiguidades orientais, onde se destacam os touros alados de Khorsabad. Essas esculturas são do Sec.VIII a.C e ficavam na entrada de um palácio na Assíria, onde hoje é o Iraque. Essas figuras impressionantes tem mais de 3m de altura, corpo de touro com cabeça humana, asas e 5 patas que causam um efeito interessante: vistos de frente, parecem estar parados e de lado, parecem estar andando.


Ainda na seção da Mesopotamia, vimos também o Código de Hamurabi, que é um dos primeiros códigos de leis escritos da história, datado de 1700 a.C. Essas leis estão gravadas em um bloco de pedra de 2,2m de altura. Esse é o primeiro código de leis a expressar a lei de talião (aquela do olho por olho e dente por dente), que embora hoje possa parecer muito rigorosa e coisa de bárbaros, foi um grande avanço para a época, pois veio para evitar que as pessoas fizessem justiça com as próprias mãos, de forma desproporcional, e estabelecia a rigorosa reciprocidade entre o crime e a pena.

Pesquisando sobre esse código, descobri que uma expressão que usamos tem a sua origem aí. Quando uma decisão não é imutável e pode ser revista futuramente, falamos que "não está escrita em pedra". Pois é, essas leis estavam escritas em pedra, então nem o rei tinha o poder de alterá-las.


Após a visita às antiguidades orientais, faltava somente uma seção que precisávamos conhecer (segundo os nossos critérios, claro. Cada pessoa vai escolher seu próprio "must see"). No caminho para lá, íamos nos deparando com lindos vitrais...


... e objetos de arte, nos corredores e escadarias. Não há um só local desse lindo museu que não tenha algo a ser admirado.


E finalmente chegamos aos aposentos de Napoleão III, que assim como seu tio mais famoso, também foi imperador da França.


Notem a opulência e ostentação nos detalhes. Lustres magníficos, paredes completamente revestidas, tapetes, e teto trabalhado.


Passagens entre os aposentos com cortinas de brocado e veludo, e muito dourado por todo lado. Não tem 1cm de parede ou teto que não esteja coberto ou pintado.



Salão de jantar, com peças em ouro e prata.



Trono de Napoleão Bonaparte (o primeiro, não é o mesmo Napoleão dos aposentos).

E com isso, encerramos nossa visita ao Louvre. Ainda existem vários departamentos a serem visitados e muitas obras que desejo conhecer, mas isso ficará para uma próxima viagem.

Saindo do Louvre, passamos pelo Arco do Triunfo do Carrossel e fomos caminhando em direção à Place de La Concorde, onde fica o obelisco.



Passeamos pelas Tuileries, um enorme jardim (25 hectares) que é rodeado pelo Louvre, Sena, Place de La Concorde e Rue de Rivoli. Esse era o jardim do Palais des Tuileries, construído por ordem de Catarina de Medicis, e que serviu de morada a vários reis da França. O palácio foi construído na área onde havia uma antiga fábrica de telhas (tuiles), por isso levou o nome de Palais de Tuileries.

Durante a revolução francesa, Luis XVI, Maria Antonieta e seus filhos foram tirados de Versailles e trazidos para esse palácio, antes de serem presos e guilhotinados. Quando era imperador, Napoleão Bonaparte mandou construir o Arco do Triunfo do Carrossel, que servia como entrada de honra para o palácio. O palácio foi queimado em 1871, por membros da Comuna de Paris, e suas ruínas demolidas em 1883.



Esse jardim tem belos canteiros de flores e várias estátuas ornamentais.





No meio desse jardim, existem vários laguinhos como esse, com cadeiras em volta, onde as pessoas se sentam para tomar sol, ler, admirar o Louvre, dar comida aos patinhos, ou só ficar olhando o tempo passar....



O Jardin des Tuileries segue o estilo francês, formal e simétrico, resultando em paisagens lindas, como esse corredor de árvores plantadas de forma simétrica.



Estão também nas Tuileries os museus de l'Orangerie e Jeu de Paume. Embora não estivesse originalmente nos nossos planos, aproveitamos que estávamos passando por ali para fazer uma visita ao l'Orangerie, que estava incluso no Museum Pass.

No terraço desse museu tem quatro esculturas de Rodin, entre elas uma versão da famosa O Beijo.

O Orangerie é uma galeria de arte impressionista e é bastante famoso por abrigar Les Nymphéas, um conjunto de telas de Monet retratando os jardins aquáticos da sua propriedade em Giverny. Não tiramos fotos, então peguei essas duas abaixo no site do museu.





Além de Monet, o Orangerie abriga obras de Renoir, Picasso, Matisse, Cézanne, Modigliani, entre outros. A entrada é paga, e está incluída no Museum Pass. Vale a pena conhecer, mas cometemos um erro: visitamos esse museu logo após sairmos de duas visitas ao Louvre, e aí é inevitável a comparação. E comparar qualquer outro museu com o Louvre é covardia...

Após a visita, passamos pela Place de La Concorde e pegamos o metrô para a estação Palais Royal-Musée du Louvre. É perto, daria pra ir à pé, mas estávamos poupando os meus pés, embora eu estivesse calçando tênis confortáveis, as bolhas ainda estavam lá.




Saímos na Rue de Rivoli e andamos até a Galerie Vivienne, uma das passagens cobertas ainda existentes em Paris. No início do século XIX existiam mais de 100 dessas passagens na cidade, utilizadas para cortar caminho entre os bairros, proteger os parisienses ricos do frio e da chuva, e isolá-los da confusão das ruas, com seus cavalos e carruagens. Essas passagens cobertas são consideradas as precursoras dos shopping centers.
Infelizmente, durante a reforma urbana encomendada por Napoleao III, época da construção dos grandes bulevares, a maioria dessas passagens foi destruída.


Essa é uma das mais bonitas passagens cobertas ainda existentes, com uma cobertura de vidro, permitindo entrar a luz natural.

Já passava muito da hora do almoço, então fomos procurar um lugar pra almoçar. Escolhemos o Bistrô Vivienne, que fica na entrada da Galeria pela Rue des Petit Champs. Esse bistrô não trabalha com o sistema de formula e era um pouco mais caro, mas resolvemos experimentar mesmo assim.

Escolhi um entrecôte com molho béarnaise e fritas e o Lú um salmão defumado, que veio na forma de um carpaccio, acompanhado por uma torrada, manteiga e vagens. Ele não sabia que viria assim, mas achou bom.




Pra acompanhar, escolhemos um bordeaux Chateau Bordes Quancard. A conta foi 63,00 .
A comida estava boa e o ambiente era agradável, mas nada diferente dos bistrôs onde almoçamos nos outros dias, e onde pagamos entre 35,00  e 40,00 

Saímos do bistrô e fomos explorar a galeria, que tem muitas lojinhas charmosas, livrarias, uma loja do Jean Paul Gaultier e a cave Legrand Filles & Fils, onde se pode degustar um vinho.


Saímos pela Rue Vivienne e andamos até a Place de La Bourse, a Bolsa de Valores de Paris, que funciona num prédio com colunas em estilo grego.



Pegamos o metro e saímos na estação Opera, para conhecer a Opera Garnier. Antes, paramos para tomar um café no famoso Cafe de La Paix, em frente à ópera.

 

Nesse café comi o melhor milfolhas da minha vida!!! A massa folhada era formada de camadas realmente muuuuito finas, que derretiam na boca, e o creme do recheio era maravilhoso. O millefeuille custa 15,00 , mas vale a pena. Tomamos também 2 espressos, a 6,00 € cada (Paris é uma cidade cara, e o Café de La Paix é um dos mais tradicionais e caros da cidade. Fazer o quê...) Pelo menos é bem localizado. Sentamos na varanda e ficamos admirando o prédio da ópera, enquanto saboreávamos nossa sobremesa.


Atravessamos a rua e fomos conferir de perto o Palais Garnier, construído para ser a décima-terceira sede da Ópera de Paris. Esse prédio, que apresenta uma mistura de estilos, começou a ser construído em 1861 e foi inaugurado em 1875. Diversos incidentes atrasaram a obra, como a guerra franco-prussiana e o terreno pantanoso, que ajudou a criar o mito de que existe um lago sob a ópera. Esse mito foi explorado no romance O Fantasma da Ópera, que deu origem a filmes e ao famoso musical.

A Opera Garnier foi um dos monumentos construídos no movimento de reforma de Paris, orquestrado por Napoleão III. Em frente a esse prédio fica a Avenida de l'Opera, que ligava a nova ópera ao Palais des Tuileries, onde morava o imperador. Essa á única avenida de Paris que não tem árvores, para que a visão do Palais Garnier não fosse obstruída. 

Para que essas construções fossem erguidas, um bairro inteiro foi destruído. Atualmente a Ópera de Paris conta com duas sedes, além da Opera Garnier, tem a moderna Opera da Bastilha, inaugurada em 1989. 



Deixamos para conhecer o interior da ópera em outra oportunidade. Contornamos o prédio pelo lado esquerdo, e fomos em direção às Galeries Lafayette. Antes, paramos na loja Uniqlo, na esquina da Rue Scribe com a Rue des Mathurins, que é o melhor lugar para comprar roupas de frio.

Nas Galerias Lafayette, além de fazer algumas comprinhas, você pode admirar a bela cúpula com vitrais.



Não deixe também de subir ao terraço, de onde se tem uma boa vista do prédio da ópera, e de alguns monumentos de Paris.

Palais Garnier


Torre Eiffel


Notre Dame


Palais Garnier, visto de outro ângulo. Dá pra observar um dos anjos dourados da fachada, no centro da foto.


Sacre Coeur

Após visitar o prédio principal, fomos à Lafayette Gourmet, que funciona em um prédio vizinho, para conhecer a Bordeauxthèque. Como o nome sugere, é uma boutique especializada em Bordeauxs. Compramos algumas garrafas por preços excelentes, a partir de 4,90 .



Com as mãos já cheias de sacolas, pegamos o metrô para a estação Madeleine. 

Essa igreja com aparência de templo grego levou 85 anos em construção, pois era um período de muitas guerras na França. Inicialmente a ideia era construir uma igreja católica, depois, com a Revolução Francesa, decidiram transformá-la num salão de baile ou estação de trem. Napoleão decidiu que seria um templo para celebrar as glórias militares. Só depois da construção do Arco do Triunfo, retomou-se a ideia de construir uma igreja católica, tendo sido finalmente consagrada em 1845.



Essa construção é ligada em linha reta com o Palais Bourbon, onde funciona a Assembléia Nacional, e que possui o mesmo estilo arquitetônico da Madeleine.


Palais Bourbon, atrás do obelisco da Place de La Concorde


Fachada da Madeleine
             

Também não entramos para conhecer o interior dessa igreja. Descemos a Rue Royale, em direção à Place de La Concorde, onde pegamos o metrô de volta para o hotel.


Descansamos um pouco, e às 19:30h saímos para fazer algumas fotos noturnas. Pegamos o metro na porta do hotel até a estação George V, na própria Champs Élysées. É um trajeto curto, que já havíamos feito a pé algumas vezes, mas eu continuava poupando meus pés.

Sentamos no Le George V e tomamos um café, enquanto aguardávamos a luz ideal para as fotos do Arco do Triunfo.




Após essas fotos, pegamos o metro para a estação Champs Élysées-Clemenceau e fomos tirar fotos do conjunto arquitetônico formado pelo Petit Palais, Grand Palais e Ponte Alexandre III.

O Petit e o Grand Palais foram construídos para a Exposição Universal de 1900, e hoje abrigam o museu de Belas Artes de Paris e um espaço para exposições.

Petit Palais


Ponte Alexandre III com Les Invalides ao fundo


Grand Palais


Fachada do Petit Palais


Ponte de La Concorde vista a partir da Ponte Alexandre III


Torre Eiffel vista a partir da Ponte Alexandre III


Às 21:30h pegamos o metro para a Champs Élysées dispostos a encontrar um lugar para jantar perto do hotel. Quando saímos do metrô, vimos que o Monoprix (supermercado) ainda estava aberto e decidimos comprar mais pães e queijos para jantar no hotel.

Jantamos pães, queijo Mont d'or, patê de foie gras, e macarons, acompanhados por um dos bordeauxs comprados na Bordeauxthèque. Dessa vez lembrei de tirar fotos.


Destaque para o queijo, que tem uma consistência macia, própria para comer com colher, e sabor delicado. Se tiverem oportunidade, procurem esse queijo na França.


O vinho que escolhemos foi o Bordeaux Chateau Haut Peyruguet 2009. Acho que foi o melhor custo benefício de todos os vinhos que compramos. Vinho de cor rubi intensa, aroma de frutas vermelhas e florais. Na boca redondo, suave e frutado, com notas de pimenta. Taninos equilibrados e final persistente. Custou 4,90 .



FOTOS: Aloísio Dourado

Um comentário:

  1. Mais História e Arte, a cidade toda é um prato cheio p/aulas de História ou Arte ao vivo. Fiquei impressionada com as passagens cobertas c/ vidro Deve ser uma sensação maravilhosa passar aí! As flores encantaram tb. Tudo lindo!

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